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Brasil um futuro país de idosos

19 setembro 2007

         idosos A população brasileira está ficando cada vez mais velha. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil, que já foi considerado um país de jovens, será em 2025, o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. Os avanços na medicina e a busca por qualidade de vida contribuem para que a expectativa de vida no nosso país cresça.
          Muitos brasileiros estão se preparando para esse “futuro”, que não está muito distante. A aposentada Terezinha Luiza Teixeira da Conceição, 55 anos, está se precavendo para ter uma velhice mais saudável. Todos os dias, ela faz caminhada; duas vezes por semana, freqüenta as aulas de hidroginástica e ainda pratica capoterapia. Há seis anos, ela vive esta rotina de exercícios. Começou porque o médico a recomendou e hoje não quer mais parar. “Eu me sinto muitíssimo bem, não tenho dores, cuido da minha família e ainda consigo fazer minhas tarefas domésticas”, ressaltou.
          Até as crianças estão praticando algum tipo de exercícios. Rute Ferreira de Oliveira é mãe de Maria Eduarda de Oliveira, uma criança de cinco anos. Desde dois anos de idade, Maria faz balé. Rute conta que decidiu colocar sua filha para fazer essa atividade porque acredita que qualquer tipo de exercício ajuda a criança a se desenvolver melhor, a ser mais equilibrada e a envelhecer com mais saúde. “O balé funciona como um calmante e reflete em todos os campos da vida da minha filha, com certeza ela envelhecerá mais tarde”, explicou.
          De acordo com o coordenador da Academia Estação, Anderson Vieira Peres, a procura por atividades físicas é crescente, muitas pessoas de 40 a 70 anos, por orientações médicas estão fazendo atividades físicas. Ele acredita que falta no Brasil maior difusão da real seriedade dessas atividades, para que a prática comece antes do surgimento de doenças. “Quando a pessoa se exercita e se alimenta bem, com certeza será saudável. Não adianta começar e parar, porque só a manutenção traz resultados. Meus alunos se sentem bem melhores, as dores diminuíram, o sono é profundo e com as aulas eles fazem amigos, se sociabilizam. Isso é saúde, é vida”, enfatizou.
          Experiências como estas estão se tornando cada vez mais comuns na nossa sociedade. Isso é bom porque devemos nos reestruturar para o ano 2025. Aprender a ser uma das nações mais velhas do mundo não será uma tarefa fácil. Questões como saúde pública, planos de saúde, aposentadoria, pensões, abandono familiar precisam ser repensadas tanto pelo governo como pela sociedade.

Por Camila Peres

Reciclagem de lixo em Brasília

19 setembro 2007

Ainda que conte com lei própria, coleta de lixo seletiva ainda é tímida em Brasília 

Por Emerson Viana

 

A coleta de lixo seletiva dispõe de lei própria na capital do país. A lei n° 3.890, de 7 de julho de 2006, é de autoria do então deputado Chico Floresta. A lei é um importante avanço na preservação do meio ambiente em Brasília. Sua intenção é prevenir os efeitos danosos aos recursos naturais e ainda possibilitar a geração de renda através do reaproveitamento do lixo.

Mesmo contando com esse importante incentivo, os números da reciclagem aqui praticados não são animadores. Segundo pesquisa de 2004 realizada pela Belacap, órgão que cuida da coleta de lixo no DF, das 2.400 toneladas diárias de lixo produzidas, apenas 1,2% é selecionado e reciclado. O baixo desempenho se dá desde a casa dos moradores, que não tem uma cultura e educação conscientizada para a questão, até o próprio aparelhamento público despreparado. A escassa infra-estrutura conta apenas com 7 caminhões e 36 funcionários encarregado para a coleta seletiva.

A maior iniciativa parte das associações de catadores e cooperativas de reciclagem do lixo. Aproximadamente, mais de três mil pessoas estão cadastradas como catadores na Agência de Desenvolvimento Social (ADS). Uma delas é Cleide Vaz da Silva, presidente da Associação de Catadores Ambiente. Ela acredita que com a lei e a implantação de um sistema de coleta adequado, com a criação de centros de triagem, a coleta seletiva possa apresentar melhores resultados. Cleide espera também que a lei proporcione melhores condições de trabalho para os catadores, que além da discriminação sofrem com as condições insalubres da atividade.

Já entre as cooperativas, talvez a mais conhecida seja a 100 Dimensão. Localizada na cidade satélite do Riacho Fundo II, a cooperativa foi criada em 1998. Nasce dos sonhos da então auxiliar de enfermagem Sônia Maria da Silva. Da necessidade de uma fonte de renda e com o apoio dos vizinhos que também enfrentavam as dificuldades de um assentamento sem infra-estrutura, surge a resposta. Do lixo seco, o grupo que se reunia nas casas de moradores da comunidade tiraria o sustento e o resgate da auto-estima e cidadania.

Tendo contado com o apoio de algumas instituições, como o Sebrae, hoje, a cooperativa planeja a construção de três galpões com 600m² em um terreno de 7mil m² negociado por meio do programa Pró-DF do Governo do Distrito Federal. Duzentas famílias são atendidas e a renda de cada uma é de R$ 400 em média. Também são realizadas oficinas de reciclagem, capoeira, música e teatro. Os artesanatos produzidos, como bolsas feitas com tampas de latinhas, além de expostos e vendidos localmente, são exportados para a Califórnia nos Estados Unidos.

Existem vária técnicas para o tratamento do lixo. Infelizmente o destino final, na maioria das cidades no Brasil, são os depósitos a céu aberto. Essa destinação acarreta uma série de problemas de saúde, provoca o desperdício de recursos que poderiam ser aproveitados e compromete rios e nascentes.

Conheça as outras alternativas pouco adotadas: 

Aterros sanitários. Contam com critérios legais de implantação de aterro que determinam a drenagem das nascentes, uma camada de manta de impermeabilização do solo e destinação do chorume (líquido originado dos processos de decomposição de resíduos orgânicos).

Usinas de compostagem. São associadas às usinas de reciclagem. Atualmente são apenas 8 em todo Brasil. Sua capacidade total de processamento é de aproximadamente 3000 toneladas de lixo por dia. Neste processo, os materiais são previamente separados. A matéria orgânica transforma-se num fertilizante que é utilizado no recondicionamento da terra.

Incineradores. Esse sistema vem desde a rudimentar prática de se limpar terrenos rurais para plantio através de queimadas. A ação do fogo reduz o volume do lixo e no caso de lixo hospitalar evita a disseminação de doenças. O inconveniente é que os produtos resultantes podem acarretar numa fonte de poluição. Os vapores da combustão devem ser tratados em filtros e torres de lavagem.

A questão da reciclagem é uma atividade recente. Tomou proporção mundial em 1980 ao se constatar que fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis se esgotariam rapidamente. Tornou-se necessário o reaproveitamento de materiais como papel, vidro e plástico através da reciclagem. Essas medidas pretendem minimizar a utilização das fontes naturais e diminuir a quantidade de resíduos que necessitam de tratamento final.

 

E assim andam os politicos do DF

19 setembro 2007

Por Márcio Medrado

         

          A recente história política do Distrito Federal é turbulenta. Cassação, renúncias, morte e outras situações, colocam os políticos do DF em evidência no cenário nacional. Em julho de 2000, por 52 votos a favor, Luiz Estevão, senador pelo PMDB/DF, foi cassado. Acusado de violação do painel do senado, José Roberto Arruda renunciou em 2001. Em janeiro de 2003, morreu o senador Lauro Campos de falência múltipla dos órgãos.Neste ano, foi a vez do recém eleito, Senador Joaquim Roriz, acusado de descontar um cheque milionário do Banco do Brasil em uma agência Banco de Brasília-BRB, onde Tarcísio Franklin de Moura, seu amigo, era presidente. Sem conseguir comprovar a origem do dinheiro, teve que renunciar ao cargo. O Deputado Distrital Pedro Passos, acusado de favorecimento e fraude em licitação pública no caso da construtora Gautama, também renunciou.  

          Os constantes deslizes éticos dos políticos do DF têm e devem ser sempre lembrados. Para Aylê Salassie, Mestre em Ciências Sociais Aplicadas e professor de Políticas de Comunicação da Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília é o encontro dos rios Negro e Solimões para a política. É ponto de convergência da política brasileira. Todos os defeitos e acertos dos políticos do país refletem-se nos políticos daqui. O estado atual é conseqüência dessa convergência, os políticos da capital federal não sendo exemplo para o resto do país, tornam-se espelho dos demais. Ainda segundo ele, a maior característica dos políticos daqui é o provincianismo. Políticos que fazem política e politicagem regional.

O Brasil compete com ele mesmo

19 setembro 2007

Sendo o único candidato para sediar a copa de 2014, o Brasil está com a faca e o queijo na mão

Por Luciano Franklin

          O esporte brasileiro se desenvolve cada vez mais; uma grande prova desse desenvolvimento foi a realização dos jogos pan-americanos efetivados no Brasil. “Os resultados sem precedentes obtidos pelos atletas brasileiros nos Jogos Pan-americanos são frutos da ampliação dos investimentos públicos no esporte nacional nos últimos anos”, disse o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., para cerca de 50 jornalistas brasileiros e estrangeiros em entrevista coletiva realizada no Rio de Janeiro deste ano. O grande sucesso do Pan- americano abriu as portas e fortaleceu a candidatura do Brasil para a Copa de 2014. A Copa do mundo é o segundo maior evento desportivo do mundo, ficando atrás apenas dos jogos olímpicos.
          Em 7 de março de 2004, a FIFA anunciou que a copa do mundo aconteceria na América do Sul, sendo coerente com sua política de rodízio entres as confederações continentais no direito de sediar uma copa. Um ano antes, a confederação sul-americana de futebol já havia anunciado que Argentina, Brasil e Colômbia se candidatariam para sediar o evento futebolístico. Também em Março de 2004, a confederação Sul-americana de futebol(CONMEBOL) votou de forma unânime pela adoção do Brasil como seu único candidato à copa. O dia 7 de Fevereiro seria a data final para as inscrições, porém a FIFA antecipou o prazo, tendo este encerrado em 18 de dezembro de 2006. Agora oficialmente o Brasil é o único candidato à copa de 2014 devendo cumprir apenas as exigências determinadas pela FIFA. A competição poderá ser realizada em outro país da América, se o Brasil não cumprir com as normas determinadas. Os Estados Unidos e o Canadá já mostraram interesse em sediar o evento caso o Brasil seja reprovado.
         Uma das 18 cidades para sediar a copa de 2014 é a capital federal, Brasília, cuja candidatura foi lançada pelo o governo Arruda. Brasília é uma cidade muito bem estruturada e poderia ser a sede principal do evento. Mesmo sendo muito díficil o Distrito Federal ser a sede principal, os brasilienses acreditam em transmitir a abertura e a final das partidas. A estudante de Direito da Universidade de Brasília, Ana Maria, acredita que o evento só trará benefícios a cidade e ao Brasil. “A copa é muito bem vinda, gera lucros ao país com o turismo e o dinheiro injetados aqui, o esporte cresce e nada mais divertido e justo que o próprio país do futebol sediar uma copa” declara a estudante. Entretanto, entre toda a euforia dos brasileiros, há aqueles que não acreditam que a copa trará tantos benefícios assim. Segundo João Paulo estudante de Letras da Universidade Católica de Brasília, o Brasil não possui redes tão eficientes de hotelaria, a maioria dos estádios não estão aptos para receber tal competição, que levará aos políticos superfaturar nas obras e não sabe como a população reagirá com uma copa aqui. ” Se o Brasil já pára quando tem uma copa, imagine se ela acontece aqui”comenta João.
          Ainda não se sabe ao certo se o Brasil será mesmo o país a sediar a copa de 2014, mas isso só depende dele pois o futebol brasileiro está com a bola da vez.

Políticas públicas para comunidades quilombolas estão em pauta

19 setembro 2007

quilombolas         Nesta quarta-feira dia 12, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), realiza em São Paulo a audiência pública “Políticas Públicas para Comunidades Quilombolas”. A audiência reúne membros da PRDC, moradores das mais de 30 comunidades quilombolas, representantes do INSS, do Incra e da Secretaria Especial de Políticas de promoção de igualdade Racial e dos ministérios da Saúde e da Educação. O evento visa obter propostas que viabilizem a implantação de políticas assistenciais para as populações quilombolas.
          As comunidades quilombolas são redutos da cultura africana e fazem parte da miscigenada cultura do Brasil. Ainda na época da escravidão, os negros que se rebelavam fugiam para os quilombos, lugares afastados dos grandes centros urbanos que abrigavam os fugitivos, e lá por meio da agricultura, da pesca e da caça viviam suas vidas. O dia 13 de maio de 1888 marca o fim do sistema escravocrata, este fato contribuiu para o crescimento dos quilombos e para a formação do que hoje conhecemos como: comunidades quilombolas. Elas representam a continuidade de costumes e tradições dos negros africanos.
          No Brasil, de acordo com o pesquisador Rafael dos Anjos, autor do livro Quilombolas Tradições e Culturas da Resistência, existem cerca de 2.842 comunidades quilombolas. Ele relata que os negros que lá vivem estão em busca de maior reconhecimento e respeito. “Diante de todas as dificuldades que os quilombolas enfrentam a cultura negra continua sendo passada entre gerações”, enfatiza. As danças, as comidas, as festas, a religião entre outras características, são próprias de cada comunidade.
          Desde a abolição, movimentos contra o racismo têm surgido no país. Na década de 90, numa tentativa de lutar pela cidadania, os movimentos trilham novos rumos. O Instituto Cultural Steve Biko, há 15 anos combate a discriminação racial. “Para auxiliar nesse processo, desenvolvemos atividades buscando a reconstrução da identidade étnica, da auto-estima e cidadania dos afro-brasileiros em um contexto de formação política e educacional. Trata-se de uma proposta autônoma e independente, aliando-se ideologicamente, no entanto, com todas as organizações ou pessoas que trabalham pela eliminação das desigualdades étnico-sociais”, relatou o representante do Instituto Eduardo Neto, universitário da UFBA.
          De acordo com a Constituição de 1988, o governo brasileiro tem obrigação de promover políticas assistenciais para solucionar problemas: educacionais, sociais, habitacionais e trabalhistas enfrentados pelos quilombolas, mas as iniciativas governamentais de hoje são insuficientes na promoção de igualdade social para esse povo.
          Pesquisadores têm dado atenção especial para o estudo dos quilombos; uns acreditam que o mundo globalizado não deve entrar em contato com os remanescentes e que o isolamento em favor da preservação cultural é justificado; outros admitem que algumas características vão se perder se o contato com a cultura geral adentrar as comunidades, mas defendem que a interação é benéfica para melhorar a qualidade de vida delas e ainda argumentam que trocas culturais enriquecem as comunidades.
          O pesquisador Roberval Marinho, professor de Fundamentos da Cultura Brasileira e Regional da Universidade Católica de Brasília, relata que elementos da cultura global não representam uma situação ruim. “Os quilombos brasileiros fazem parte da cultura globalizada do País e estar à margem do progresso e das novas tecnologias é estar fadado a uma vida muito difícil e até mesmo ao extermínio. Também porque todos os seres humanos têm direito ao mundo e a tudo aquilo que signifique qualidade de viva”, enfatizou.
          A Constituição de 1988 assegura aos quilombolas o direito a políticas públicas, o fato é que algumas comunidades desconhecem seus direitos, os governantes em sua maioria não se interessam pela questão. Rafael dos Anjos alerta os brasileiros a conhecer melhor a história do país e a plurirracialidade da qual somos herdeiros. Ele afirma que: “Um país que não conhece a fundo seu passado, que não se reconhece em suas origens, dificilmente saberá se encaminhar para o futuro”. Passado mais de cem anos do fim do sistema escravocrata seus descendentes ainda sofrem com a exclusão e o abandono social.

Por Camila Peres.

 

Homossexuais no futebol

19 setembro 2007

Por João Paulo Biage

Com o caso Richarlyson em alta, volta a tona os casos de homossexualismo no futebol.  

O tempo passa e a discussão sobre o homossexualismo no futebol continua. O último capítulo dessa novela foi o caso “Richarlyson”. Tudo começou em um renomado programa de esportes, exibido na hora do almoço e apresentado por Milton Neves. Os integrantes da mesa redonda discutiam sobre o boato de que algum jogador de um clube grande paulistano assumiria a homossexualidade no domingo à noite para todo o Brasil. Perguntado se esse jogador era do Palmeiras, José Cyrillo Júnior, dirigente do Palmeiras respondeu:

 

– O Rycharlison quase assinou com o Palmeiras, mas optou por assinar com o São Paulo. Até tínhamos um pré-contrato assinado, mas o procurador do jogador preferiu assinar com o São Paulo.

 

Logo depois Richarlyson entrou com uma queixa-crime contra o dirigente palmeirense pedindo indenização de R$300 mil. Porém, com uma decisão considerada homofóbica por grande parte da população, o juiz Maximiano Junqueira Filho alegou o caso em favor de José Cyrillo.

O caso terminou com um final feliz. O dirigente do Palmeiras pediu desculpas públicas a Richarlyson, o jogador desculpou e foi ao Fantástico para afirmar que não é homossexual.

 

Mas esse não é o primeiro caso de referente ao homossexualismo no mundo futebolístico. O mais conhecido foi do jogador inglês Justin Fashanu, que em 1990 assumiu publicamente a sua homossexualidade. Depois de muita pressão e preconceito por parte da mídia e de seus colegas, Fashanu suicidou-se em 1998.

 

Outro episódio conhecido foram as revelações de Dadá Maravilha. Quando perguntado sobre a existência de homossexuais no futebol, respondeu que isso não era novidade.

 

– De montão. Um exemplo: em 1970, Dadá tinha um corpo maravilhoso. Havia um zagueirão que era louco pelas minhas pernas. Um dia, o cara me passou a mão. Dei uma pernada nele e disse: “Sai pra lá, rapaz!”.

 

Para evitar esse tipo de preconceito, foi aprovado um projeto de lei que torna o preconceito de gênero, sexo e orientação sexual um crime resultante de discriminação. Trata-se de uma extensão da Lei 7716/89. Quando entrar em vigor, caso isso aconteça, os termos “viado” e “bicha”, comuns no futebol e ditos no calor da disputa, passarão a ser considerados discriminatórios e poderão levar quem os diz a ter de se explicar na Justiça.

 

Mas nem tudo é dor na luta contra o preconceito. No início de 2005, o meio-campo Dhorasoo, da seleção francesa, declarou publicamente seu apoio à criação de um time de futebol de gays na França. Dhorassoo é heterossexual e tem dois filhos, mas como é filho de imigrantes da Mauritânia – povo que sofre preconceito na França, solidarizou-se com esse outro grupo discriminado. Segundo disse à época à revista So Foot, “Talvez seja necessário que um jogador importante assuma a homossexualidade. Terá de ser um dos melhores jogadores do mundo, pois é fundamental estar numa posição forte para suportar as conseqüências. Só se pode avançar se for um grande ídolo a desbravar o caminho”.

Greve na Saúde

15 setembro 2007

Será mesmo a única saída para as reivindicações dos médicos?

Por Camilla Sanches

          Médicos das regiões Norte-Nordeste estão em greve há mais de um mês na maioria dos estados. A situação mais grave parecia ser em Alagoas, onde médicos e funcionários chegaram a 81 dias de paralisação.

          A reclamação é sempre a mesma como concorda o médico cirurgião e diretor do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Dr. Joaquim Pereira da Silva: “reivindica-se, além de melhores salários, melhores condições de trabalho”. Segundo ele, um médico passa muitos anos na faculdade, depois um período de residência, e muitos ainda fazem mestrado e doutorado para ganhar 2.500 reais por 20 horas semanais. A situação em Alagoas é a pior. Um médico ganha em média R$1.015, enquanto na Paraíba, por 40 horas semanais, se ganha 1.400. Os Hospitais do Estado da Paraíba têm que escolher aqueles que vão ser operados, tão grande é a falta de teto financeiro do SUS, de acordo com uma reportagem da revista Isto É de agosto. Eles têm capacidade para fazer 60 cirurgias cardíacas por mês, mas somente 35 estão sendo feitas.

          Dr. Joaquim Pereira não é a favor das greves, assim como o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Para o médico e diretor, existe a lei da greve para o servidor público e todo servidor tem que manifestar sua opinião. Mas, ressalta, “ressalvado sempre o setor de emergência, ampla divulgação com antecedência e manter 30 por cento dos serviços não-emergenciais funcionando”. Diz ainda que mantendo de fora o Pronto Socorro, ninguém vai correr risco de morte.

          Infelizmente não foi o que aconteceu com a jovem Elizângela de 28 anos, no último dia 19, na Paraíba. Ela precisava realizar com urgência uma cirurgia para desentupimento de uma válvula mitral no coração. Sua morte tornou-se caso de comoção em todo o país e de justiça no seu Estado, onde a promotora Ana Raquel Brito afirmou que vai encaminhar pedido ao promotor para instaurar inquérito civil público por omissão de socorro e homicídio culposo, segundo a Isto É.

          “Eu não defendo greve, diz Dr. Joaquim, defendo discussões amplas, sindicatos, associações, conselhos de saúde”. De acordo com ele, essa representação social é importante para pressionar os níveis centrais para que revejam os salários de funcionários, “às vezes, muito mais baixos que os nossos”.

          O Ministro da Saúde defende a criação de uma fundação estatal de direito privado, para substituir o modelo de administração direta dos hospitais, alegando ser a segurança da estabilidade que torna ineficientes o atendimento e o funcionamento de muitos hospitais do SUS. Para o Dr. Joaquim Pereira, este é um assunto muito controverso: “nós temos pela lei do estatutário uma estabilidade que favorece esses movimentos grevistas. Quando você é só CLT, a greve é permitida, mas logo a seguir você pode ser demitido, em contrapartida. Mas eu sou favorável a uma ampla discussão desse assunto”.

          O diretor não vê no HRT e em toda a Secretaria de Saúde do DF um movimento de greve em curto prazo, mas confirma que insatisfação sempre há com salários, jornada e condições de trabalho, especialmente em Pronto Socorro, onde existe uma superlotação, uma demanda grande.

          Outra queixa é a falta de anestesistas. Abriu-se concurso para 145 vagas diretas no setor e somente 37 pessoas passaram. “Houve uma tentativa de terceirização do setor, o que eu acredito que soluciona o problema a curto tempo”, diz ele. Contratando agora esses profissionais, o Estado visa diminuir o sofrimento do povo, mas para o diretor a Secretaria tem que ter quadro próprio.

MS Office busca mercado entre as crianças

15 setembro 2007

Microsoft de olho no futuro     Será lançado no Brasil o primeiro software no mundo a considerar as necessidades e habilidades de crianças de 3 a 12 anos. A novidade é da Microsoft, que fez uma versão infantil do Pacote Office. Já em uso nos EUA, Austrália e Canadá, a versão foi chamada de Office for Kids, e chega ao país em outubro.
     Nesta ferramenta, a criança conhece o OK Letras, OK Números e OK Multimeios – Word, Excel e PowerPoint, respectivamente – com ícones maiores, atividades lúdicas e um recurso de voz onde um papagaio faz a leitura oral dos textos. Essa aplicação permite que o programa seja adotado no ensino de crianças que ainda não foram alfabetizadas, e é a que mais chama atenção dos pequenos.
     Mas a proposta da ferramenta é ir além do entretenimento e possibilitar o aprendizado de diversas disciplinas de forma lúdica. De acordo com o ministério da Educação, o MEC, devido a política do atual governo ser a favor do uso de software livre, não é viável usar o pacote em nenhum programa de governo de ensino de para crianças. O MEC informa, também, que o ensino de informática não entra nos parâmetros curriculares nacionais, o que significa que não é obrigatório nas escolas.
     Ainda diante da perspectiva educacional, especialistas em educação percebem um foco mais comercial no produto. Segundo Gilberto Lacerda, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) há duas perspectivas: “a comercial, como um processo de formação de clientes do futuro, e a educacional”, afirma. 
     Martha Cristina Sanches Brandão, que faz especialização em educação infantil na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), não vê nas crianças de três, quatro anos, com as quais trabalha, necessidade de um uso adaptado do computador.
     Apesar disso, caso o pacote tenha uma boa aceitação no mercado é possível que seja usado em escolas próprias de informática. Para Ana Lídia Diniz, estudante de administração da Universidade Católica de Brasília, hoje em dia, usar o computador é uma necessidade cada vez maior e que tem se expandido bastante entre as crianças, e por isso o pacote seria útil. A estudante achou a ferramenta interessante, porém mais adequada para crianças acima de 7 anos. Caso já houvessem escolas adotando a ferramenta no ensino de crianças, ela seria uma das adeptas.

Linguagem de sinais proporciona melhor qualidade de vida a deficientes em Brasília

6 setembro 2007

Emerson Viana

        A língua brasileira de sinais, mais conhecida como Libras, tem sido a alternativa utilizada pelos portadores de deficiência em Brasília como forma de inclusão social. Várias instituições oferecem cursos que possibilitam a inserção em instituições de ensino superior, no mercado de trabalho ou mesmo a uma saudável convivência social.

        Uma das instituições é a APADA (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos do DF). Nela, são prestados serviços educacionais e de saúde bem como assistência social e cultural. A associação, fundada em 15 de março de 1975, é uma entidade civil, filantrópica, assistencial e educacional sem fins lucrativos. Através de parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, os alunos são capacitados e encaminhados para o mercado de trabalho.

        A língua brasileira de sinais começa a conquistar um maior espaço na televisão. Em programas que não dispõe do recurso “Closed Caption” que apresenta legendas de tudo o que está sendo falado, a Libras surge como opção. Alguns canais apresentam um tradutor junto com a informação da faixa indicativa. Nos horários políticos todos os partidos utilizam intérpretes da língua de sinais. Para a psicóloga Luciana Sherman, especialista em deficiência auditiva, “a tecnologia é uma aliada na inclusão de pessoas com deficiência”.

        As conquistas têm alcançado também o ensino superior. Instituições oferecem recursos para uma melhor adaptação dos deficientes à realidade acadêmica. Tudo isso com o respaldo governamental do Ministério da Educação (MEC). Por meio da portaria n° 3.284 de 07/11/2003 são estabelecidas orientações normativas às instituições de ensino superior, como, por exemplo, a necessidade de um intérprete e a flexibilidade na correção das provas. Além disso, também são estabelecidas novas regras para autorização, reconhecimento e renovação das instituições a fim de garantir o acesso à educação.

        Antes desta portaria do MEC o governo já havia acenado de forma positiva as reivindicações dos portadores de deficiência. Em 2002, a comunidade surda brasileira pode comemorar uma importante conquista: a regulamentação da Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Nela, a língua brasileira de sinais é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão. Esta regulamentação garante direitos sociais antes negados e possibilita meios mais efetivos de desenvolvimento sócio-cultural.

        Essa pequena revolução social tem sua origem a partir do reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão entre as comunidades de pessoas surdas no Brasil. Atualmente é de grande importância na comunicação no território nacional brasileiro, sendo utilizada por mais de cinco milhões de pessoas. É baseada na Língua de Sinais Francesa e apresenta semelhanças com outras línguas de sinais européias e norte-americanas. Como toda língua, a Libras possui uma gramática própria. Sendo assim, não basta apenas conhecer os sinais, é preciso aprender as combinações dos movimentos e pontos de articulação, locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos.